Diva do dia - Agatha Christie

Hoje, a diva do dia não será uma diva do cinema ou da música. Na verdade, é mais um ídolo vintage. No meu caso, um dos meus maiores ídolos de sempre. Alguém cujo trabalho eu amo de paixão e com cuja personalidade me identifico muitíssimo: a maior escritora de policiais de toda a História: Agatha Christie, a criadora de Miss Marple, perspicaz velhinha, de ar frágil e inocente, que preferia desvendar crimes do que fazer tricô, e de Hercule Poirot, o mais famoso detetive de sempre, a par de Sherlock Holmes.

No ano passado, no dia do meu aniversário (22 de janeiro, está quase aí, quero parabéns! :P ihihih), os meus colegas de trabalho, sabendo da minha paixão pela obra de Agatha, ofereceram-me um presente maravilhoso: a sua autobiografia. Na foto em cima, o momento em que a recebi. Se a minha paixão por Agatha Christie já era enorme, cresceu ainda mais, depois de ler a autobiografia, pois as coincidências comigo eram imensas. Várias vezes, enquanto a lia, dava por mim a pensar: "Caramba, parece escrito por mim!"

Agatha não foi só uma grande escritora; foi, também, uma mulher muito especial, com uma história de vida interessantíssima, com espaço, até, para um mistério da vida real. 

Agatha Mary Clarissa Miller nasceu no dia 15 de Setembro de 1890, em Torquay, no Devon, no Sudoeste da Inglaterra, no seio de uma família de classe média-altra, cujo pai, um americano, lhe deu aulas, educando-a em casa. No entanto, Agatha aprendeu a ler sozinha, com apenas cinco anos de idade (primeira coincidência comigo: eu também aprendi a ler sozinha, com 3 anos)... e como ela amava a leitura!

Agatha sempre foi uma criança muito imaginativa, tendo, inclusive, amigos imaginários (mais uma coincidência, eu também) e, à medida em que ia crescendo, ia escrevendo as suas próprias histórias (outra coincidência). Era insegura e adorava cantar (mais duas coincidências! rs).

Em 1912, conheceu o aviador Archie Christie, com quem casou e cujo sobrenome adotou. No entanto, o romance foi interrompido pela primeira Guerra Mundial, quando Archie foi destacado para o combate. Foi apenas com o final da guerra que a lua de mel começou, de verdade. Nessa altura, Agatha já havia publicado o seu primeiro livro, instigada pela irmã mais velha, Madge. Agatha trabalhava na enfermaria de um hospital, durante a guerra, acabando por ir parar à "farmácia" do mesmo. Aí, aprendeu muito sobre remédios, medicina e venenos, o que serviu de base para a maioria das suas obras.

Uma pequena parte dos meus livros de Agatha Christie

Depois da guerra, Agatha, Archie e a filha de ambos, Rosalind viveram tempos felizes, enquanto a escritora se tornava famosa e ganhava muito dinheiro, conseguindo uma vida muito confortável. No entanto, nada dura para sempre e, em 1926, na época em que Agatha sofria horroroes por ter perdido a sua querida mãe, Archie traiu-a com outra mulher. Ao descobrir, o caso, a diva desapareceu sem deixar pistas. O maior dos mistérios de Agatha Christie (e, até hoje, não resolvido) foi o seu próprio desaparecimento, que ocupou todas as manchetes dos jornais da época.

O seu carro foi encontrado junto a um lago, com os faróis acesos. Dentro, estavam o seu casaco de pele e a sua mala. A polícia deu início às buscas, oferecendo 100 libras a quem encontrasse a autora ou tivesse alguma informação que ajudasse a encontrá-la.

Finalmente, depois de 11 dias, foi encontrada num hotel, onde se hospedara com o sobrenome da amante de Archie, e (talvez com um surto pisicótico, causado pelo choque, aliado ao falecimento da mãe) sofrendo de amnésia. Archie foi buscá-la, levou-a para casa e, aos poucos, com ajuda médica, Agatha foi recuperando a memória. Contudo, nunca contou o que, realmente, aconteceu durante aqueles dias. Tempos depois, o divórcio foi assinado. Agatha encontrou conforto na filha e na escrita, escrevendo, sob o pseudonimo Mary Westmacott, livros bem diferentes: romances, quase autobiográficos.

No final dos anos 20, a sua vida estava já restabelecida e Agatha resolveu fazer uma viagem para o Egito, convidada por um arqueólogo seu amigo... Foi nessa viagem que conheceu outro arqueólogo, Max Mallowan, por quem se apaixonou. Sendo bastante mais velha do que Max, Agatha lutou durante muito tempo contra esse sentimento. Contudo, em 1930, acabaram por casar, sendo "felizes para sempre", em longas viagens pelo mundo inteiro e com os livros de Agatha tendo cada vez mais sucesso.

Sempre com um sentido de humor único, a escritora dizia, acerca do seu casamento com Max: "o melhor de casar com um arqueólogo é que, quanto mais velhas somos, mais interessantes eles nos acham".

Os anos 40 e 50 foram profíquos em peças baseadas em romances de Agatha, que, apesar de tímida, estava sempre presente nas estreias. As adaptações a peças, filmes e séries de televisão continuam até hoje, tendo a famosa (mundialmente aclamada) série inglesa "Agatha Cristie's Poirot" terminado no ano passado, após 20 anos.

Agatha Christie continuou a escrever quase até a sua morte. Faleceu no dia 12 de janeiro de 1976... Mas o seu legado, esse, será para sempre imortal.